quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Crónica dos BONS MALANDROS!

Hoje  5ªfeira (21/01/2010) A "J" apresentará a obra e a biografia do escritor .
Como todos se queixam da falta de tempo...
Aqui deixo alguma informação.
Até logo

O ESCRITOR

Mário Zambujal nasceu em Moura em 1936. Trabalhou no semanário Os Ridículos e foi jornalista de A Bola e de O Jornal. Ocupou os cargos de chefe de redacção de O Século e do Diário de Notícias; de director-adjunto do Record; director do Mundo Desportivo, Tal & Qual e Sete. É autor de textos para rádio, televisão e teatro e de vários livros dos quais destacamos Crónica dos Bons Malandros, em 1980, que teve grande sucesso e deu origem a uma longa-metragem de Fernando Lopes; Histórias do Fim da Rua, em 1983; e À Noite Logo se Vê, em 1986. Mais recentemente publicou o livro Primeiro as Senhoras.

© A Esfera dos Livros, Rua Garrett, n,º 19 - 2º A, 1200-203 Lisboa
O filme
Os actores:
Nicolau Breyner
... Pedro Justiceiro
Zita Duarte
...Lina Despachada
António Assunção
... Police Chief
Anamar
Manuel Antunes
Pedro Bandeira-Freire
... Doctor Flávio
Orlando Barbosa
Virgílio Castelo
... Carlos
Emilio da Silva
Rodrigo da Silva
Paulo de Carvalho
...Arnaldo Figurante
António Évora
Maria Gabriela
Alfredo Galego
Manuel Luís Goucha
Jorge Listopad
...Pedro Lopes
Carlos Machado
Isabel Nogueira
Gentil Ribeiro
Anabela Santos
Hernâni Santos
Mário Zambujal
...
OPINIÕES - in LORY
E armas? Vamos para uma coisa dessas de mãos a abanar?- Vamos. Armas, não.Estava decidido. Assaltariam a Gulbenkian à mão desarmada, golpe de audácia como nunca se vira, nem aqui nem em parte nenhuma. E os audaciosos de que falariam os telejornais seriam eles, Renato e Flávio, Marlene e Adelaide, Pedro, Silvino e Arnaldo, quadrilha seleccionada, encontro de sete vidas depois de muito tombo e aventura.”in “Crónica dos Bons Malandros” de Mário Zambujal [Quetzal Editores]Confesso que tinha pensado noutro livro para hoje, mas lembrei-me deste livro a caminho do Museu Gulbenkian...No livro “Crónica dos Bons Malandros”, Mário Zambujal conta a história de uma quadrilha liderada por Renato, “o Pacífico”, que se dedica a pequenos assaltos, até ao dia que um misterioso italiano os desafia a roubar umas jóias do Museu Gulbenkian. Mas as coisas, entre divertidas peripécias, acabam por não correr como estavam planeadas...O jornalista português Mário Zambujal serve-se de uma escrita simples, diria mesmo cómica, para apresentar cada um dos membros do grupo e os caminhos que os levaram à marginalidade, até ao dia do tão esperado assalto. “Crónica dos Bons Malandros” é um livro alegre e divertido para estes dias frios de Inverno.
Publicada por lory em blogger

Crónica dos Bons Malandros - O livro
Crónica dos Bons Malandros do jornalista e escritor português Mário Zambujal, editada em 1980, atingiu um grande êxito editorial e literário, tendo tido umas das suas reedições mais recentes em 2004.Relato do quotidiano dos membros de uma quadrilha fora do comum, que recusava o uso de armas de qualquer espécie, tendo, simbolicamente, como chefe um homem com a alcunha de pacifista, este livro é dividido em nove capítulos que se estruturam do geral para o particular, recorrendo a uma "espécie" de didascálias, para apresentar as personagens e alguns pormenores da acção.No primeiro capítulo, intitulado "Quadrilha", são apresentados todos os seus membros que se reúnem pela primeira vez para preparar um assalto que "iria espantar o mundo" - roubo de uma colecção de jóias de René Lalique da Fundação Calouste Gulbenkian.Através de um narrador ausente, o leitor vai sendo informado do encontro e das dificuldades criadas pelo aparecimento repentino e pouco cauteloso de Silvino.No segundo capítulo, é feita a apresentação da personagem Pedro, rapazinho de aldeia, ignorante da História Pátria, mas reconhecido lutador contra a "ditadura da Couve Lombarda" (a professora). Conhecido como "o justiceiro" no submundo do crime, a alcunha deve-se ao facto de ter respondido que D. Pedro mandou plantar o pinhal de Leiria, quando a professora D. Glória lhe perguntou o que fizera este que justificasse o cognome de "justiceiro". Esta resposta provocou uma altercação entre ambos, que resultou na sua expulsão da escola, lançando-o no mundo da delinquência.
O terceiro capítulo faz a apresentação de Flávio, que, embora conhecido como "o doutor", nunca acabara o curso de Direito porque foi preso, acusado de desfalque na empresa onde trabalhava. Vergonha de toda a família, esta prisão constituiu um suplício para Flávio, dado o desprezo que sua mulher Zinita lhe devotou. Um reencontro procurado com Renato - companheiro de cela - no bar japonês, introduziu-o no submundo do crime.O quarto capítulo dá conta da evolução da personagem Arnaldo. Conhecido como Arnaldo Figurante, a alcunha resulta da sua participação como figurante numa produção cinematográfica franco-portuguesa a rodar em Portugal. Sem emprego, vivia dos trezentos escudos pagos por cada filmagem. Tendo sido preso por envolvimento numa confusão com a polícia, identifica-se como tendo a profissão de figurante, quando interpelado sobre o assunto.Quinto Capítulo - Adelaide - Esta personagem é apresentada aquando da sua prisão (juntamente com Lina) decorrente da sua profissão de prostituta. Num momento posterior, Adelaide confessa a Lina a sua participação na quadrilha e a prisão do seu companheiro Carlos, que conhecera num baile de bairro e por quem se apaixonou.Sexto Capítulo - Silvino - Apresentação desta personagem através da narração de factos da sua vida desde a infância. Personagem vocacionada para o roubo desde criança, "Ao que constava da memória de família, o primeiro roubo de Silvino foi a chupeta do irmão gémeo", Silvino, depois de várias tentativas do seu padrinho espanhol, de Málaga, Alonso Gutierrez, para o recuperar, nomeadamente o internamento num colégio interno em Lisboa, foi o último a entrar na quadrilha, embora com a contestação de alguns dos outros elementos.Sétimo Capítulo - Renato e Marlene - Filha de uma família de Acrobatas, Marlene vai, por força do destino, encontrar Renato, filho de um feirante. Vivendo a infância no mesmo espaço - o da feira, Renato e Marlene vêm a encontrar-se mais tarde num futuro que também lhes trará dificuldades.Oitavo Capítulo - Adiamento - Desaparecimento de Adelaide que resolve mudar de vida, saindo do país com o seu amado Carlos, que, entretanto, for a posto em liberdade. Este desaparecimento provocou um movimento de solidariedade por parte de todo o mundo da marginalidade.Nono Capítulo - Glória e Morte - Concretização do assalto com êxito. Contudo, e porque foram traídos por Silvino, a situação evoluiu de forma trágica, obrigando-os a usar armas pela primeira vez. A quadrilha foi desmantelada. Renato foi assassinado e Marlene morreu por não resistir à morte do seu amado.Como uma teia, estas personagens, Renato, o Pacífico (chefe da quadrilha), Marlene, Flávio (o doutor), Arnaldo Figurante, Pedro Justiceiro, Adelaide Magrinha, Silvino Bitoque e o gaulês Lucieu Obelix que têm em comum uma vivência marcada por um acontecimento que os empurra para a marginalidade, vão urdindo uma série de acções constituintes da unidade do texto.
Como referenciar este artigo:Crónica dos Bons Malandros. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2010. [Consult. 2010-01-16].Disponível na www: .

Crónica dos Bons Malandros - o livro e o filme
Em 1980, Mário Zambujal, jornalista e escritor, escreveu Crónica dos Bons Malandros. Em 1984, Fernando Lopes, realizador, adaptou a obra literária de Zambujal ao cinema, resultando essa adaptação num dos filmes portugueses mais vistos, sobretudo devido ao sucesso do livro e pela popularidade do elenco que integrava nomes como Nicolau Breyner, Maria do Céu Guerra ou Lia Gama.
A crónica relata uma história simples: um gang de ladrões portugueses, habituado a pequenos assaltos, é contratado por um elemento da máfia italiana roubar algumas jóias em exposição no Museu Gulbenkian. O assalto é, de facto, a acção principal da história. No entanto, é algo que só ocupa as últimas páginas do livro e os últimos minutos do filme. Quanto ao que está para trás, cada um dos capítulos tem por título o nome de uma personagem e é dedicado a um flashback da sua vida, em sucessivos exercícios de contextualização de uma acção que acaba por tornar-se quase secundária, embora seja o motivo para tudo o que a antecede.
Em termos de sequencialidade narrativa, “Crónica dos Bons Malandros” é uma obra pouco convencional uma vez que início, meio e fim da acção principal não correspondem ao início, meio e fim da obra (nem da literária nem da cinematográfica). Este carácter fragmentário torna o texto de Mário Zambujal numa difícil adaptação ao cinema, dado que é um conjunto de pequenas retrospectivas que apenas confluem no epílogo do assalto ao Museu Gulbenkian.
No entanto, e apesar de o filme, em termos de realização, ficar um pouco aquém da restante filmografia de Fernando Lopes, não deixa de ser uma boa adaptação. É certo que a qualidade de uma adaptação cinematográfica não se mede pelo grau de fidelidade ao texto literário. No entanto, há vários elementos que fazem do filme uma adaptação bem sucedida.
Em primeiro lugar, é importante referir que ambas as criações artísticas cumpriram uma (senão mesmo a principal) das suas funções: registar um retrato da sua época, do que foi a década de 80 em Portugal.
Tanto o livro como o filme desmascaram completamente os códigos convencionais de ambas as artes, assumindo ao leitor/espectador a consciência de serem obras, de serem documentos. No livro, expressões como «não esconderemos aos leitores» (Zambujal, 1999:90); «o primeiro revólver com punho de madre-pérola que nos aparece nesta história» (Zambujal, 1999: 141) ou «muitos outros não referidos porque este livrinho não pretende ser a lista classificada» (Zambujal, 1999: 119) marcam vincadamente a consciência do livro enquanto objecto e enquanto exercício de ficção.
Há certos elementos que aproximam este filme dos padrões convencionais até de uma tragédia, como o prenúncio dado pelo desmoronamento do castelo de cartas e a imagem das chamas ou mesmo pela sensualidade da personagem de Marlene, personificando a femme fatale, ora vestida de vermelho, ora tomando banho, sempre simbolizando a sensualidade feminina.
“Crónica dos Bons Malandros” é também um filme de transição: transição no percurso de Fernando Lopes, transição no caminho do cinema português e do próprio país, dez anos depois do 25 de Abril. É, indubitavelmente, um filme diferente e pouco convencional. Fernando Lopes queria fazer um musical e viu na adaptação do livro de Mário Zambujal a oportunidade para concretizar esse desejo. Para além disso, a visão do livro de Zambujal como uma boa adaptação foi adensada pelo sucesso do filme “Kilas, o mau da fita” (1981) de José Fonseca e Costa, um retrato algo semelhante ao das personagens do livro, recorrendo também ao uso de estereótipos.
A acção final de “Crónica dos Bons Malandros” situa-se, como já foi dito, no fim das obras que a relatam. A Fundação Calouste Gulbenkian, dias antes do dia marcado para as filmagens da sequência do assalto, indeferiu o pedido de Fernando Lopes para filmar no Museu. Por esse motivo, Lopes socorreu-se de uma outra ideia que já tinha tido e adicionou um elemento diferente ao filme: a sequência do assalto é feita em estilo de videojogo.
Aquilo que começou por ser um contratempo (e que, sem dúvida, não deixa de ser visto como tal), acabou por revelar-se também mais um elemento que afasta este filme dos códigos convencionais. Mais do que dar originalidade ao filme, este elemento, como outros, é uma marca de uma referência narrativa popular que acaba por enquadrar-se perfeitamente quer no texto de Zambujal quer na adaptação de Fernando Lopes.
Para além do videojogo, o realizador incluiu outras referências de narrativa populares como os robertos, o circo, a banda desenhada, o relato de futebol (sincronizado com a fuga de Silvino), as pinturas de parede, os intertítulos (a lembrar o cinema mudo) e a comédia musical, chave de definição do próprio filme. Todos estes elementos se enquadram no universo popular a que ambas as obras correspondem.
Ainda assim, apesar das condicionantes, esta nova forma de mostrar o roubo, simultaneamente não o mostrando, funciona como uma elipse de algo fundamental para a acção. Este carácter elíptico encontra-se também noutros filmes de Fernando Lopes, como é o caso de “Uma Abelha na Chuva”, onde quase todo o filme é uma elipse.
Crónica dos Bons Malandros” é um filme experimental e, por isso, necessariamente incompleto. Longe de ser a obra-prima de Fernando Lopes ou de deixar uma marca indelével no cinema português, este filme não deixa de ter o grande mérito de, não sendo um grande filme, ser um retrato fiel da sociedade portuguesa dos anos 80 e uma boa adaptação de uma obra literária portuguesa de grande sucesso.
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